domingo, 26 de outubro de 2008

NÃO LEIAM ISSO. OU LEIAM, ENTRETANTO NÃO FAZ PARTE DO PROPÓSITO DO BLOGGER, É SÓ UM PONTO DE LUZ. SÓ UM. ;)








O dia nunca aparece com o sol nascendo poeticamente, ele simplesmente vai clareando a noite traumática como se lava uma coisa muito suja. Assisti ele surgir pela janela quadrada, sentada no banheiro cinza com cheiro de vomito, agora. O vento vem balançar meus pensamentos e conceitos. Você carrega um P de perfeição ao dizer que meus dedos gordos e com unhas roídas são bonitos. Esse pê que eu deveria adorar e finalmente me deixar render. Bem que tento. Olho tudo de cima, me observo com as pernas cruzadas de maneira estranha com o braço apoiado no aparelho sanitário, parece que sempre pertenci aqui, que nunca calçarei sapatinhos de cristal visto que o all star já me dá calo suficiente, e que consigo sobreviver ao ver uma barata, teve até uma vez que salvei um bichinho pra lá de feio de se afogar na água. Nunca foi do meu legado ser a almejada e a que almeja por amor. Por isso, você me surpreendeu engraçadamente, um misto de susto de halloween com alegria. Minhas tentativas ecoavam pelos meus dedos gordos e meu desespero em não conseguir estava já a me irritar, pois você continua a me perpetuar em um pedestal como se a minha falta de senso comum fosse algo digno de admiração. Algumas vezes a coisa mais difícil a se fazer é admitir a sua natureza, quem és e quem ninguém jamais ousará mudar. E você nada contra a correnteza, eu me dou como caso perdido, e você me dá eletrochoques sem cessar nunca, com uma esperança que me assusta, com um amor incondicional, com uma compreensão que me enternece. Recordo do dia em que andando de mãos dadas pelas ruas dessa metrópole, você me perguntou se eu já tinha escrito algo sobre você, tentei de toda forma explicar que somente os que me provocam cicatrizes profundas doloridas tinham esse privilégio, meu lado masoquista falava mais alto em dar tal presente aos cretinos, e que tu não eras uma destes seres despresiveis, me fazes rir e isso já é contraditório demais para escrever sobre. Quando ontem, eu vi que eras diferente até nisto, eu tinha marcas provocadas por você, marcas das minhas unhas curtas que me arranho toda vez que lembro o quão indulgente sou, o quão idiota me torno a não te ter como amor único e profundo, não mereço esse teu poder, não mereço isso. Eu já larguei a bandeira branca a tempos, não sou uma vítima, entretanto nem no jogo estou, e você não me deixa sair, desistir de sonhar, de querer ter algo bom dentro de mim. E eu te agradeço, daqui vendo o sol nascer, admito que o meu conforto está dentro dos seus braços carinhosos, admito que não deveria ser tão dura com meu passado, mas não consigo e me arranho mais. Quero ver até onde irei me arranhando sem você notar. Sem o seu pê de perfeição me fazer parar, por que você luta comigo para me salvar, me obrigando a respirar todo dia para erguer minha cabeça mesmo contra minha vontade, para limpar a sujeira do dia anterior, para me lembrar a sorte que carrego em você me carregar nas costas. Levanto-me do chão, está frio demais, telefone toca. É você.

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