domingo, 13 de julho de 2008

Nariz.

Seu nariz. Reparei nele hoje. Nunca tinha olhado direito pra ele, ou já tinha olhado, mas, quando olhei talvez não enxergasse, coisa típica de menininha meio cega de paixão. Ele é feio. É achatado demais, e você anda com ele todo arrebitado, mas, não tem como arrebita-lo já que ele é meio batatinha demais. Esse maldito espírito bem sujo que eu carrego dentro de mim, eu enojo quase tudo, ele mancha de uma tinta preta oleosa, bem persistente, cada lugar que passo tudo que observo. Só que isso é recente, quando eu andava com você, achava seu nariz fofo. Combinava tão harmoniosamente com a boca meio grande, as marquinhas nas bochechas e os olhos inchadinhos. Hoje, você parece um peixe. Eu amarguei a minha vida, ainda bem que não o tempo todo, não acho que você seja lá forte o suficiente.

Hoje fiz outra descoberta: ego é inversamente proporcional ao pênis. Só pode ser, pra ter tanta insegurança, os homens não confiando nos seus cunhões, exageram no seu jeito de ser.

De novo, esse espírito sujo, observe que é meio que involuntário, sinto uma cólica estranha nas entranhas e vomito palavras bem desagradáveis, com um tom de sabedoria que não me condiz, amargura pura, e é difícil de engolir isso. Parece que vai explodir dentro de mim, apertando todos os meus órgãos, suprindo todo horror de dentro de mim, assim como os gatos soltam aqueles nojentos bolos de pêlos.

Ontem lá estava eu em um casamento. Casamentos são puro teatro, a platéia entediada, vulgo convidados desse espetáculo ridículo e pré-histórico, se sente apertada em roupas alugadas, com os pés inchados, e até parece que todo mundo não sabe que os idiotas que tão trocando alianças não vão durar mais do que 2 anos juntos já que ele vai trepar com a empregada domestica, e ela vai sentir uma puta atração pelo estagiário gostoso.

E o amor? Cadê? Ah, em propagandas bem boladas de cartões Mastercards, pedindo misericórdia, pelo amor de todos os Santos, saída desse mundo capitalista e hipócrita, que gente feia que fica duas vezes já dizem que se amam como Romeu & Julieta. Ou o amor está nas propagandas de shopping center com namorados abraçados, um pacote de compras nas mãos e é o suficiente pra serem felizes para sempre.

Jesus, apaga a luz. Mas, você acreditava em amor. Ainda bem que eu não acreditava em amor com você, a não ser que fosse no chão da sala. Por que dentro de você existe algo pior. Já que o final feliz não é lá muito feliz, nem muito final. O feliz não dura mais do que um orgasmo, e o final nunca existe, o que existe são os altos e baixos, topos a lá Yellowcard e depressões a lá Radiohead, e meados.

Às vezes o coitado do vivente é obrigado a viver no meado a vida toda, sendo meio amado, meio querido, meio namorado, meio perdido, meio achado, meio amolado, meio puto, meio carinhoso, meio idiota.

O que não me conforta nem me estranha, pés no chão, cara na grama, nariz arrombado de catota acumulada. Quero ver quem é que me quer assim, nua, nuazinha, cheia de preceitos, mas, nua. Você nem quis saber, virou de lado dormiu, empurrou pra fora da cama minha calçinha. Eu gostava daquela calçinha, e como você não tem sentimentos nem se tocou que ela tinha sido cara. Entretanto, companheiras, a vida funciona como um carrossel, você senta no cavalo, mas, paga caro antes, se sente desfrutável durante, e tem que comprar algodão doce pra se sentir melhor depois.

Por isso, hoje eu prego e assino um contrato comigo mesma, dinheiro só pras minhas calçinhas e pra quem não as coloque fora da cama, prefiro dormir entre elas do que entre você, outra clausula é a total falta de investimento em relacionamentos falidos antes mesmo de começar, nem tente me convencer olhando de canto querendo amor, nem vou nunca mais tentar abrir caminho entre seus espinhos, rosa o caralho, o que te aí no meio é pura viadagem de dor, e a partir de hoje quem quiser sentir algo mais forte, bate na vizinha, ela escuta All By Myself o domingo todo, eu não estou esperando pela próxima coisa boa, eu não quero a próxima coisa boa, fique com essa coisa pra você. Beijos.