sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Mesmo o maior fracasso, mesmo o mais inconsolável erro é melhor do que não tentar. Eu tentei e cai, saí rolando escada abaixo sem nem me importar com hematomas ou pescoços quebrados, atropelando qualquer razão no caminho. Parei no topo da escadaria, em iminência, e como toda maldita vez eu fingi que tropeçava, fechei meus olhos com força e sorri. Só não sabia que doía tanto e tão lá dentro. Cheguei ao final da escada toda roxa, machucada, e prometendo nunca mais me enfiar em enrascada tão grande! O mundo moderno não permite regalias, é tudo conectado, eu quero fugir para um lugar distante que não pegasse celular, não pegasse televisão, que não pegasse internet, um lugar bem distante onde só você me pegasse como isso não é possível à gente se pega no carro mesmo, em cima do capô. Toda vez que você arranca o carro, me deixando no portão prateado, eu me sinto só. O mal do século é a solidão, a depressão e o individualismo exagerado e viscoso tudo isso fazendo par de quadrilhas com a necessidade de companhia. Duvido que alguém admita que sente falta de alguém. Nem você admite. Liga o celular no alto, anda por cantos que eu ando, mas, não admite que faz tudo isso para eu ser sua. Quem disse que preciso do seu olhar me seguindo? Eu tenho condições de me agarrar em cima de um carro no meio de uma quinta-feira, só por vingança. Você faz tudo isso para me provocar, me tentar a tentar ser sua. Percebi que minha solidão é bonita, ela é única, calma, imaculada, a sua caminha puxando suas pernas para baixo prendendo você no passado e não adianta, queridinho, se esforçar, fazer cara de quem não percebe, de quem não se importa, por que eu sei que você sabe que eu sei que a sua insignificância dói nos ossos e te impede de respirar toda noite, por isso abaixa a cabeça vergonhoso quando me vê passar, orgulhoso dos seus erros. Não nasci para ficar atrás de você, o meu legado é transparente e isso te assusta. Então, passei pela escuridão, entre um lance de escada e o outro, e quando tudo parecia medroso, quando eu tinha medo de te ter e no mesmo momento me perder, alguma coisa me deu um click, espero que você guarde o seu desespero desrespeitoso para a sua nova garotinha, tu és lívido, ávido e sujo, e eu sou difícil de levar. Logo, cairei sozinha, e não tente me segurar, esse lance de escada vai ser divertido.

Um comentário:

Diogo disse...

Como diria o Pumba, "Viscoso, mas gostoso"